ARTIGOS DE OPINIÃO

BRAZIL | UNITED STATES


UM MASSACRE CHAMADO FUX

Aqui na América, assim como no restante do mundo, quando acontecem furacões, ciclones ou tempestades devastadoras, é costume dar-lhes nomes que ficam marcados na memória.

Ninguém esquece do furacão Katrina, que arrasou Nova Orleans. Estive lá dias depois e vi com meus próprios olhos a cidade em ruínas — uma catástrofe de proporções imensas. Também não me esqueço do ciclone Chido, que recentemente devastou a costa africana do Oceano Índico e destruiu tudo o que nossa missão havia construído em Mieze, Cabo Delgado, Moçambique. Agora lutamos para reconstruir.

A Bíblia também nos traz um exemplo. O apóstolo Paulo, quando naufragou em sua viagem pelo Mediterrâneo, relata em Atos 27:14 que o vento que destruiu a embarcação se chamava Euroaquilão.

Ontem, porém, em um raro tempo livre em casa, tive a oportunidade de assistir, do sofá, ao longo voto do Ministro Luiz Fux. Um jurista de carreira, juiz, professor de Direito, que, de forma polida, equilibrada e respeitosa, desmontou toda a narrativa da chamada trama do “golpe de Estado” de 8 de janeiro de 2023. Uma narrativa construída por colegas seus — militantes partidários alçados ao Supremo Tribunal Federal — para condenar adversários políticos e impor duras penas a patriotas que se manifestaram naquele dia.

Fux expôs, ponto a ponto, os erros cometidos na denúncia, chegando a ridicularizar juridicamente o relator, Ministro Alexandre de Moraes, conhecido há anos como “o ditador da toga”. Mostrou ainda que o Procurador da República, Paulo Gonet, prestou um desserviço ao país ao acusar sem provas, atuando mais como aliado político do governo que o indicou do que como guardião da lei.

Foi um dia de lavar a alma dos brasileiros que sofrem com as injustiças praticadas por seu tribunal maior, que se transformou em palco de condenações desproporcionais e vingativas contra adversários políticos.

Um espetáculo à parte era observar a expressão dos demais ministros, acusadores e relatores, incapazes de rebater a força dos argumentos jurídicos apresentados.

É verdade que a condenação dos réus provavelmente será confirmada, mas os recursos futuros — sustentados por essa argumentação sólida e pelas pressões internacionais — já estão à mesa de forma absolutamente irrefutável.

De minha parte, creio que se, até aqui, o Brasil vinha sendo marcado internacionalmente por um membro de sua Corte arrogante e odiado pela população, agora surge um outro, comparável a um novo Rui Barbosa: respeitado, admirado e capaz de corrigir erros que envergonham a Justiça.

Foi um massacre jurídico — não de violência, mas de argumentos — protagonizado por um juiz contra advogados de facções políticas instaladas no poder da República.

Veremos os próximos capítulos, ao vivo e a cores.

E que a libertação do Brasil venha por este caminho — o da lei e da verdade — para que não seja necessário recorrer à revolta popular, que destrói tudo ao seu redor, como temos visto em diferentes países: anteontem no Nepal, ontem na França, e hoje, enquanto escrevo estas linhas, na Indonésia.

O povo do mundo já não suporta a opressão de governantes extremistas.

É um novo tempo de libertação das ditaduras, em favor da liberdade.

E isso é bom.